Lista Vermelha da Flora Vascular
“As profundas alterações no uso do solo que se verificaram ao longo do século XX, associadas à expansão urbanística das principais cidades e à intensificação agrícola, poderão ter estado na origem da extinção de grande parte das 24 espécies avaliadas como extintas no projecto.”
A Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental ainda não está concluída, mas os resultados da avaliação preliminar feita até agora permitem entender que mais de metade das plantas vasculares (espécies da flora com vasos que transportam seiva para alimentar as células) nativas de Portugal continental estão em risco de desaparecerem.
Das cerca de 630 plantas já catalogadas no projecto liderado pela Sociedade Portuguesa de Botânica, 381 estão em risco, um quinto das quais 'em perigo crítico', e 24 já se extinguiram em solo português.
Duas espécies endémicas de Portugal, que apenas existiam no Baixo Alentejo – Armeria neglecta e Armeria arcuata – foram agora dadas como extintas a nível mundial, segundo os resultados preliminares deste projecto, conhecido hoje, dia 29 Novembro.
Outras 22 espécies extinguiram-se em Portugal. Mas podem ainda ser encontradas em outras partes do mundo. É o caso da Ononis hirta, que existiu nos arredores de Lisboa até 1946. Muitas delas eram plantas aquáticas ou ocorriam exclusivamente associadas a zonas húmidas.
Onosma tricerosperma
créditos: Miguel Porto
Nesta lista incluem-se flores, árvores, fetos ou arbustos. Entre as que estão à beira da extinção, os investigadores destacam a Onosma tricerosperma, uma planta cujo único núcleo populacional português (com apenas 20 'indivíduos') existe apenas num local na região de Beja, depois de um outro ter sido destruído recentemente devido à instalação de um pomar.
A equipa de botânicos da Lista Vermelha acredita que estas espécies desapareceram do nosso território:
"devido a pressões como a poluição da água, a drenagem e a invasão por espécies exóticas",
Equipa de botânicos, comunicado
Assim terá acontecido com a orquídea Epipactis palustris, que outrora habitava prados húmidos nas regiões do Douro e Beira Litoral.
A Lista Vermelha assinala também 81 espécies de plantas Quase Ameaçadas (NT), estando próximas de poder enquadrar-se numa categoria de ameaça a curto ou médio prazo.
créditos: Lista Vermelha da Flora Vascular
Ao todo, a equipa da Lista Vermelha, com a ajuda de mais de 90 colaboradores da comunidade botânica portuguesa, avaliou o risco de extinção de cerca de 630 plantas nativas da nossa flora.
Isto foi feito de acordo com os critérios e as categorias da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Os trabalhos começaram em Outubro de 2016 e deveriam terminar em Setembro deste ano, mas foram prolongados até Junho de 2019, para "fase de revisão das avaliações a fim de assegurar a qualidade dos conteúdos e o correcto uso dos critérios e categorias da Lista Vermelha".
Reseda alba
créditos: A. Carapeto
A Lista Vermelha assinala também 81 espécies de plantas Quase Ameaçadas (NT), estando próximas de poder enquadrar-se numa categoria de ameaça a curto ou médio prazo.
Trigonella ovalis
créditos: Miguel Porto
Mas não há só más notícias. “No âmbito dos trabalhos de campo realizados no segundo ano do projecto foram descobertas três espécies novas para a flora de Portugal e algumas populações numerosas de plantas que se julgavam muito raras ou mesmo extintas no nosso país.”
A Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental está a ser realizada sob a coordenação da Sociedade Portuguesa de Botânica e da Associação Portuguesa de Ciência da Vegetação (PHYTOS), em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Os trabalhos de campo e em herbários de todo o país, para recolher informação sobre as plantas, já terminaram. Mas ainda decorrem as tarefas de revisão das fichas de avaliação das plantas, “prevendo-se que estejam concluídas durante o primeiro trimestre de 2019”.
O projecto culminará na publicação, em livro e suporte digital, da Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental, previsto até meados de 2019. Este documento “ajudará a definir as prioridades de conservação” e “servirá de suporte às decisões políticas no âmbito da gestão e conservação da biodiversidade da flora em Portugal”.
Bellevalia hackelli
The Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental is not yet complete. However the results of the preliminary assessment made so far shows that more than half of the vascular plants (species of the flora with sap transporting vessels to feed the cells) native from Portugal (not islands Madeira and Azores) are in risk of disappearing.
Of the approximately 630 plants already cataloged in the project led by the Portuguese Botany Society, 381 are in risk, one fifth of which are "critically endangered," and 24 are already disappeared on Portuguese soil.
The project will culminate with the publication of a e-book, by the Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental scheduled mid-2019. This document will "help to define conservation priorities" and "will support political decisions in the management and conservation of flora biodiversity in Portugal ".
Geração 'green'
29.11.2018
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